Loading...

Mobilidade e permanência: políticas urbanas e educacionais no campus universitário em direção à justiça social

  • Slider Image
  • Slider Image

Sobre o projeto
  • Palavras-chave:

    campus universitário; mobilidade urbana; permanência estudantil; justiça social

  • Equipe:

    Camila Poeta Mangrich

    Adriana Marques Rossetto (orientadora)
    Maíra Longhinotti Felippe (co-orientadora)

  • Tipo de pesquisa:

    Tese de Doutorado (2021-2025)

  • Publicações:

    Mobilidade e permanência: políticas urbanas e educacionais no campus universitário, Tese de Doutorado, UFSC, 2025
    PDF

As universidades públicas brasileiras apresentam-se em um momento ímpar para avançar nos ideais de sociedade projetados na Constituição Federal de 1988. A renovação da Lei de Cotas e o fortalecimento da diversidade no campus abrem oportunidades para refletir sobre demandas, potencialidades e lacunas herdadas de históricas decisões políticas do país. A tese explora o desafio da igualdade de condições entre os estudantes a partir do planejamento do território universitário, na sua relação com a cidade, as dinâmicas da comunidade e o meio ambiente, avaliando a articulação de políticas públicas com objetivos complementares. Os documentos que legalizaram essas iniciativas trazem em seu cerne a ampliação e democratização das condições de permanência dos estudantes e mitigação dos efeitos das desigualdades sociais (Política Nacional de Assistência Estudantil - PNAES), uma concepção de universidade para enfrentar as crises social e ambiental através da reestruturação do campus direcionada a uma pedagogia mais abrangente, integradora e interdisciplinar (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - REUNI) e políticas transversais de transporte urbano voltadas para a redução simultânea das desigualdades sociais e danos ambientais (Política Nacional de Mobilidade Urbana - PNMU).

O objetivo da tese é analisar o alcance e articulação dessas políticas públicas e planos institucionais na redução das desigualdades, no contexto do campus sede da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), baseado nas condições de acesso, permanência e mobilidade dos estudantes. A pesquisa faz correlações nas bases de dados da UFSC e conta com dois eventos que propiciaram expressivo volume de dados. Entre 2019 e 2020, 39.108 membros da UFSC, 74% do total, atualizaram seus registros de endereço e permitiram sua utilização para pesquisas, enquanto um levantamento para avaliar o impacto da pandemia da COVID-19 em 2020, contou com a participação de 65% da comunidade. As respostas dos estudantes sobre condições de moradia e transporte cruzadas com dados de endereço, renda, gênero, cor de pele e centro de ensino permitiu avaliar nuances de desigualdades relacionadas ao contexto metropolitano de Florianópolis.

Os resultados demonstram baixa representatividade de famílias de menor renda em formações privilegiadas no mercado de trabalho. Amostra significativa desse grupo de renda e de mulheres negras, grande parte vinculados à área de educação, declarou condições insuficientes para estudar em casa. As respostas sobre os meios de transporte predominantes indicam uma área superior a 2 hectares de solo impermeabilizado para estacionamento de veículos de estudantes, sobretudo homens não-negros e centros com mais acesso aos recursos. Grupos com renda superior a um salário-mínimo predominam no Distrito Central, com uso de carro próprio, ou no entorno do campus, enquanto os de baixa renda percorrem de ônibus longas distâncias. Os resultados evidenciaram a realidade de grupos periféricos, indicando que, mesmo com auxílios financeiros para a permanência e mobilidade aos estudantes, a democratização do acesso ao ensino superior exige uma reestruturação do território universitário. Sob uma visão ética subjacente, a pesquisa destaca o potencial latente do campus para estimular o diálogo e materializar a missão da universidade em um ambiente mais justo e saudável.